Economia

ES tem 2ª maior alta industrial do país em maio

A indústria do Espírito Santo registrou crescimento de 23,9% em maio deste ano na comparação com o mesmo mês de 2024, alcançando o segundo melhor resultado do país, atrás apenas do Rio Grande do Sul (29,1%) e bem acima da média nacional (3,3%). Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal (PIM-PF) do IBGE, divulgados nesta sexta-feira (11) e organizados pelo Observatório da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes).

Para o presidente da Findes, Paulo Baraona, o desempenho positivo em maio traz alívio, mas ocorre em um cenário externo mais adverso. Ele destaca as consequências das tarifas anunciadas pelos Estados Unidos. “Temos grandes desafios pela frente, principalmente após a decisão do governo americano de elevar em 50% a tarifa sobre todos os produtos importados do Brasil”, alerta.

Segundo Baraona, o Espírito Santo possui uma economia fortemente conectada ao mercado internacional — uma vantagem que também traz riscos. “Essa abertura, que é uma das forças do nosso desenvolvimento socioeconômico, nos torna mais vulneráveis a decisões unilaterais e protecionistas. Quase 80% de tudo o que o Estado exporta são produtos industriais”, ressalta.

A escalada tarifária anunciada pelos EUA começou em abril e teve novo capítulo nesta semana, com a confirmação de uma alíquota de 50% — a mais alta já aplicada ao Brasil. Para os empresários capixabas, a medida deve impactar diretamente a competitividade dos produtos no mercado internacional.

O forte crescimento em maio foi sustentado principalmente pelos avanços nos dois grandes setores industriais capixabas: a indústria extrativa, com alta de 35,9%, e a indústria de transformação, que cresceu 4,1%.

No segmento extrativo, o resultado foi impulsionado pela maior produção de minério de ferro pelotizado, petróleo e gás natural. Dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) mostram que a produção de petróleo no Espírito Santo foi de 179,8 mil barris por dia em maio — crescimento de 7,9% em relação a abril e de 13,2% frente a maio de 2024. Já o volume de gás natural alcançou 4,6 mil metros cúbicos por dia, com avanços de 16,7% sobre abril e 27,2% na comparação anual.

Segundo o gerente de Ambiente de Negócios da Findes, Nathan Diirr, tanto as operações offshore (no mar) quanto onshore (em terra) tiveram crescimento. “No offshore, a produção de petróleo aumentou 5,8% em relação a abril e 13,2% frente a maio de 2024, enquanto o gás natural cresceu 16,6% no mês e 29,2% em 12 meses. Destaque para o FPSO Maria Quitéria, que produziu 26,1 mil barris de petróleo por dia, cerca de 26% da sua capacidade total”, explica.

No ambiente onshore, o avanço foi ainda mais expressivo. “A produção de petróleo em terra cresceu 75,8% em relação a abril, com destaque para campos operados pela Seacrest como Fazenda Alegre (104,9%), Cancã (87,5%), Inhambu (83,4%) e Fazenda São Rafael (6,8%). Em relação a maio de 2024, houve alta de 11,8%. Já a produção de gás natural onshore subiu 23,1% em relação a abril, mas recuou 30,6% frente ao mesmo mês do ano anterior”, detalha Diirr.

Na indústria de transformação, os resultados foram puxados por setores como metalurgia (crescimento de 13,2%), fabricação de papel e celulose (2,4%) e produtos minerais não metálicos (1%). Por outro lado, a fabricação de produtos alimentícios recuou 7,9% no período.

A economista-chefe da Findes e gerente executiva do Observatório Findes, Marília Silva, destaca o bom momento da metalurgia. “O segmento cresceu com o aumento na produção de bobinas a quente, lingotes, blocos, tarugos ou placas de aço e ferro-gusa. Já os produtos minerais não metálicos avançaram com a maior produção de granito, pedras de construção, ladrilhos e outros materiais cerâmicos para revestimento ou pavimentação”, analisa.

Apesar dos bons números, o setor industrial capixaba permanece atento ao cenário externo e aos efeitos das tarifas americanas, que podem impactar as exportações e a dinâmica da indústria local nos próximos meses.

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