Por incrível que pareça, falar sobre dinheiro em família ainda é um grande tabu. Seja por medo de conflito, vergonha ou até por herança cultural, muitas pessoas evitam esse tema dentro de casa. No entanto, esse silêncio pode sair caro. O que é evitado na conversa, muitas vezes, acaba aparecendo em forma de desgaste, brigas, afastamentos e até decisões ruins que poderiam ter sido evitadas com diálogo.
Quando uma família não conversa sobre finanças, ela corre o risco de seguir caminhos desalinhados. O filho que vive um padrão de vida que os pais não conseguem mais manter, os irmãos que se desentendem na partilha de bens, o casal que nunca alinhou metas e, ao longo dos anos, se vê caminhando em direções opostas. Tudo isso poderia ser diferente se o tema fosse tratado com naturalidade, cuidado e, principalmente, com intenção de construir algo melhor juntos.
Esse desalinhamento é especialmente visível nas relações conjugais. Mais de 50% dos divórcios no Brasil têm como pano de fundo conflitos financeiros. Muitas vezes, o casal não entra em crise pela falta de dinheiro em si, mas sim por não saber lidar com suas diferenças em relação ao dinheiro. Um é mais conservador, o outro é mais gastador. Um prioriza a reserva de emergência, o outro vive o presente com intensidade. Quando não há diálogo, essas diferenças viram acusações, frustrações e, em muitos casos, separações que poderiam ter sido evitadas com mais escuta e clareza sobre expectativas e limites.
É preciso entender que falar sobre dinheiro não é apenas um exercício de controle ou planejamento. É, acima de tudo, uma conversa sobre escolhas de vida. E por trás de cada escolha, existe um desejo legítimo: o de ser feliz. Quando uma família se propõe a conversar com sinceridade sobre o que deseja, o que precisa e o que pode fazer com os recursos que tem, ela está, na verdade, buscando construir felicidade de forma
consciente, tanto individual quanto coletivamente.
Essa felicidade, no entanto, não se alcança apenas com números. Mas é inegável que organização financeira e clareza patrimonial são meios essenciais para que sonhos se concretizem. Quando há estrutura e harmonia nas finanças, sobra espaço para as pessoas viverem com mais liberdade, leveza e planejamento. Por isso, o dinheiro, assim como a organização e o diálogo, deve ser enxergado como um meio, e não como um fim.
É nesse sentido que o diálogo se torna tão importante. Ele permite que todos saibam onde estão e onde querem chegar. E mais: evita que mal-entendidos sobre herança, aposentadoria, dívidas ou investimentos virem muros entre quem deveria estar construindo pontes. Se necessário, contar com a ajuda de um profissional pode
facilitar o processo e trazer a imparcialidade que muitos temas delicados exigem.
Algumas sugestões de como começar:
1. Escolha o momento certo: evite iniciar esse tipo de conversa em meio a conflitos. Prefira momentos tranquilos, como um jantar de família ou uma reunião planejada.
2. Traga um objetivo claro: em vez de um “precisamos falar sobre dinheiro”, diga “gostaria de compartilhar com vocês como está nosso planejamento para o futuro e ouvir a opinião de vocês”.
3. Ouça sem julgar: é comum que familiares tenham visões diferentes sobre como gastar ou investir. O mais importante não é impor, mas alinhar expectativas.
4. Considere apoio profissional: muitas famílias se sentem mais seguras quando contam com a presença de um assessor de investimentos, que conduz a conversa de forma técnica e neutra.
No final das contas, conversar sobre dinheiro em família é um ato de responsabilidade e também de amor. Quando há escuta, respeito e vontade de crescer juntos, tudo flui melhor. E a felicidade, aquela que cada um busca à sua maneira, encontra mais espaço para florescer.
José Neto Rossini Torres
Sócio, Gestor Comercial e Assessor de Investimentos Alta Renda da Forttu Investimentos; Advogado; Autor dos livros: “Investe Logo: Compartilhando experiências com o investidor iniciante” e “O Caminho para o sucesso na Assessoria de Investimentos: Processo, Relacionamento e Intensidade” (Em pré-lançamento).