Abandonar o cigarro salva vidas e melhora a saúde física e mental
O tabaco segue sendo uma das maiores ameaças à saúde pública global. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), ele é responsável por mais de 8 milhões de mortes por ano — número que reforça a gravidade do tabagismo como problema de saúde. No Dia Mundial Sem Tabaco, lembrado em 31 de maio, a Secretaria da Saúde (Sesa) destaca os benefícios concretos de parar de fumar e o apoio disponível à população capixaba que deseja deixar o vício.
O Dia Mundial Sem Tabaco, que acontece anualmente, serve como lembrete dos numerosos riscos à saúde associados ao uso do cigarro. A data, promovida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), visa destacar a necessidade global de intervenções eficazes e políticas públicas robustas para combater o tabagismo. Com o cigarro sendo um dos principais causadores de mortes evitáveis no mundo, a conscientização sobre seus perigos é mais crucial do que nunca.
Criado pela OMS para alertar sobre os malefícios do cigarro e prevenir doenças evitáveis, o Dia Mundial Sem Tabaco reforça que o tabagismo é uma doença crônica, alimentada pela dependência da nicotina presente nos produtos à base de tabaco.
De acordo com o cardiologista e referência técnica cardiovascular da Sesa, Werther Mônico Rosa, os ganhos de saúde para quem abandona o cigarro são visíveis desde os primeiros dias.
“O desempenho físico melhora, o padrão respiratório evolui, há aumento do bem-estar geral e até o sono se torna mais reparador. Além disso, o risco de infarto agudo do miocárdio cai rapidamente após a cessação do fumo, chegando ao nível de uma pessoa que nunca fumou em cerca de dois anos”, afirma o médico.
Essas informações também constam no manual do Instituto Nacional de Câncer (INCA) “Benefícios obtidos após parar de fumar”, que aponta uma série de melhorias progressivas, como aumento da capacidade pulmonar, desaparecimento da tosse crônica e redução gradual do risco de várias doenças graves, incluindo câncer e enfisema pulmonar.
A assistente social Cristina Campos, chefe de núcleo da Subsecretaria de Estado de Atenção à Saúde, viveu na pele o desafio de largar o vício. Fumante inveterada — chegando a consumir quase dois maços por dia — Cristina decidiu parar em 2014, influenciada pela regulamentação da Lei Antifumo (Lei nº 12.546).
“No começo, ninguém acreditava que eu conseguiria. Isso me deu ainda mais força. Já são dez anos sem fumar e não me arrependo. Minha saúde melhorou visivelmente, principalmente a respiração. Se tivesse continuado, com certeza teria desenvolvido doenças graves”, contou.
Ela lembra que fatores como a pressão social, as restrições da lei e o exemplo de um colega que também parou de fumar serviram de motivação.
“Além dos danos à saúde, o cigarro afasta as pessoas e representa um gasto considerável”, alerta.
Mesmo com os alertas e campanhas, o tabagismo ainda é uma realidade presente. Estima-se que ele esteja relacionado a mais de 50 tipos de doenças, entre elas cardiovasculares, respiratórias e diversos cânceres. A associação com o câncer de pulmão é bem conhecida, mas o cigarro também aumenta significativamente o risco de doenças como infarto do miocárdio e derrame.
Para o Dr. Werther Rosa, fatores como o ambiente familiar, a mídia e o grupo social ainda influenciam fortemente o início e a continuidade do hábito. E um novo inimigo da saúde pública tem ganhado espaço: os cigarros eletrônicos, especialmente entre os jovens.
“Os eletrônicos têm popularizado o consumo precoce de nicotina, o que é extremamente preocupante. Adolescentes em fase de desenvolvimento cerebral estão se tornando dependentes, com consequências sérias para o futuro, como hipertensão, problemas pulmonares e doenças cardíacas”, ressalta o médico.
No Espírito Santo, o Programa Estadual de Controle do Tabagismo oferece atendimento gratuito em 60 municípios, com equipes multidisciplinares. Os interessados devem procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima para iniciar o acompanhamento.
O tratamento envolve sessões em grupo e, conforme a avaliação médica, medicamentos como adesivos, gomas de nicotina e a bupropiona.
Em 2024, 5.123 pessoas procuraram tratamento pelo SUS no Estado, representando um aumento de quase 12% em relação ao ano anterior. O número equilibrado entre homens (2.575) e mulheres (2.548) mostra que a luta contra o tabaco é coletiva.
Neste 31 de maio, o apelo é claro: reflita, busque ajuda e dê o primeiro passo para uma vida mais saudável, longe da fumaça.
Saiba mais:
Procure a UBS mais próxima e informe-se sobre o tratamento para deixar de fumar.
Disque Saúde 136 – informações e orientação sobre tabagismo e outros temas de saúde pública.