A cada melodia criada, Alexandre Lima escreveu seu nome na história da música brasileira. Este ano, o artista é o homenageado do 3° Prêmio da Música Capixaba, que ocorrerá no dia 29 de outubro, às 19h, no Teatro Universitário da UFES.
A homenagem destaca a valiosa contribuição de Alexandre para a cultura nacional. Reconhecido por ter criado um ritmo único que mescla congo, reggae e pop, carinhosamente apelidado de “rockcongo”, Alexandre Lima inspirou uma nova geração de músicos brasileiros e projetou internacionalmente as raízes da música do Espírito Santo. O ritmo se tornou uma característica marcante da banda Manimal, fundada pelo artista.
Com grande sucesso na década de 90, a Manimal ganhou destaque nacional e fez temporadas internacionais, ocupando palcos europeus e realizando mais de 30 shows em diferentes países. Um dos momentos altos da banda foi a apresentação na programação cultural da Copa do Mundo da Alemanha, em 2006.
A Manimal foi formada em 1986, reunindo diversos gêneros musicais, como ticumbi, música eletrônica, samba e reggae. Composta inicialmente por cinco integrantes, incluindo os irmãos Amaro e Alexandre Lima, a banda surgiu da amizade dos músicos em Vitória.
Em maio de 1997, a Manimal lançou seu primeiro CD, que levava o nome da banda. Desse trabalho, destacam-se as músicas “Tequila Brown”, “De Que Vale Tudo Isso?”, “Não Nasci Pra Ser Pobre” e “A Toa”. Em 1996, o grupo ganhou o prêmio de “Melhor Arranjo” no Festival Nacional de Música, em Alegre-ES, e foi um dos finalistas do “Les Decouverts de RFI (Radio France Internationale)”, sendo considerado um dos melhores trabalhos de pesquisa da América Latina e Caribe.
Em 1998, a banda foi eleita “Revelação da Expo 98”, em Lisboa, e ganhou o prêmio de “Melhor CD” e o troféu “Guananira”, além do primeiro prêmio de “Trilha Sonora Original” no Festival de Cinema do Maranhão. Nesse mesmo ano, a Manimal fez uma turnê por Portugal, Espanha, França, Itália, Bélgica e Holanda, consolidando sua presença internacional. O CD “Tow Tow”, lançado em 2000, e “Espírito Congo”, de 2002, continuaram a expandir sua discografia. Em 2005, gravou seu primeiro disco ao vivo no Festival Oi Vitória Pop, com canções icônicas como “Encontrei”, “Promessa” e “Água de Benzer”.
Além do sucesso musical, Alexandre Lima e a Manimal se destacaram por seu compromisso com a transformação social, dedicando-se a comunidades carentes da Grande São Pedro e Ilha das Caieiras, por meio de projetos como “Congo na Escola” e “Manimal na Escola”. Eles também colaboraram para a formação de grupos como o Congo Mirim na Ilha e a Orquestra de Percussão Manguerê.
Em 2008, a banda enfrentou a perda de seu baterista Queiroz, que faleceu devido a um infarto, levando ao encerramento de suas atividades. Em 2013, Alexandre Lima iniciou uma nova fase na carreira ao assumir o cargo de secretário municipal de Cultura de Vitória. No entanto, o destino foi trágico: no dia 29 de dezembro, Alexandre sofreu uma parada cardiorrespiratória durante uma cirurgia para retirada de um aneurisma na aorta, resultando em um coma induzido. Ele faleceu em março de 2014, aos 54 anos, após 10 anos em coma. Deixou três filhas: Sofia, Victória e Mariana.
