Saúde

Divertida-Mente 2: Psicóloga discute as emoções do filme

Ansiedade, vergonha, tédio e inveja são as novas emoções da protagonista Riley; Confira as análises psicológicas por trás de cada uma delas

Divertida-Mente 2, filme da Pixar, dirigido por Kelsey Mann, estreou nos cinemas no dia 20 de junho, e, recentemente, entrou na lista das dez maiores bilheterias da história da Disney. A obra é uma continuação de Divertida-Mente (2015) e conta a história de Riley, uma menina de 13 anos que passa por uma mudança para uma nova cidade. Durante esse processo, suas emoções, representadas como seres antropomórficos, lutam para manter a harmonia na mente da personagem.

O lançamento traz novas emoções para a Riley: ansiedade, vergonha, tédio e inveja. A Dra. Maria Estela, psicóloga clínica e coordenadora do curso de Psicologia da UniCesumar de Maringá (PR), explica como essas emoções se relacionam com a puberdade. “O filme retrata que as vivências se somam aos poucos para produzir um sentimento estável do eu, e a revolução física e psicológica ocorrida na adolescência é um ponto de inflexão importante no ciclo do desenvolvimento humano, apesar de não ser o único”.

Ainda segundo a coordenadora, o filme baseia-se na psicologia cognitiva, em que as experiências com o ambiente produzem crenças centrais a respeito de si, do mundo e das pessoas, como as convicções do tipo “sou uma pessoa legal” ou “não sou boa o suficiente”, que podem afetar decisões e comportamentos. “Uma contribuição bastante importante do filme, desde sua primeira edição, é esclarecer que todos os sentimentos, inclusive os desagradáveis como a ansiedade ou a tristeza, fazem parte de nós e tem uma função protetiva e de sobrevivência”, conclui.

Maria Estela se aprofunda em cada uma das novas emoções, explicando como elas se manifestam e relacionando-as com a psicologia.

Ansiedade

A ansiedade é retratada como expectativa ou um tipo de medo difuso, que imaginam um futuro incerto, com uma agitação e urgência por lutar ou fugir de ameaças, sejam elas reais ou imaginárias. Estela ainda ressalta a admiração que o personagem “medo” tem pela ansiedade, enfatizando a relação entre as duas emoções.

“Uma outra grande contribuição do filme é apresentar uma estratégia de manejo da ansiedade utilizada pela personagem para se acalmar durante um episódio de pânico. As técnicas de “Grounding” ou “Presentificação”, aliadas à respiração profunda, consistem em focar a atenção nos estímulos do ambiente, tocar algum objeto ou superfície presente, prestar atenção aos ruídos enquanto inspira e expira profundamente, até que o episódio de ansiedade passe”, explica a psicóloga.

Vergonha

Estela diz que a necessidade de aceitação e pertencimento ao grupo vem como uma das prioridades do adolescente na sua jornada de construção do “self”, ou seja, da definição de com quem o jovem quer se parecer ou que tipo de pessoa quer ser. A vergonha se manifesta nessa fase, justamente por ser um período de descobertas, de erros e acertos.

Inveja

“A inveja é outro sentimento que pode estar presente em todo ser humano, e sua manifestação pode ser mais intensa a partir da adolescência, uma vez que o adolescente terá maior autonomia para transitar em ambientes fora do contexto familiar e observar e comparar experiências diferentes das próprias”, explica a psicóloga.

Tédio

Com a habituação ao excesso de estímulos da era digital, é comum que o tédio se manifeste na adolescência. “Além disso, o aumento exponencial no gasto de energia da puberdade, os adolescentes apresentam mais sono e necessidade de descanso, o que pode ser interpretado erroneamente como preguiça ou tédio”, conclui Estela.

 

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