Os benefícios da amamentação prolongada para crianças e mulheres
Até os seis meses, bebês não precisam de nada além do leite materno. Mas a amamentação pode seguir por dois anos ou mais
Por quanto tempo você amamentaria uma criança? A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que bebês sejam amamentados de forma exclusiva até os seis meses e de forma complementar pelo menos até os dois anos de idade. Mas há quem opte por estender esse tempo. Apesar dos muitos benefícios para a mãe e a criança, a amamentação prolongada – aquela que ultrapassa os 2 anos – ainda é cercada de mitos e preconceitos.
“Essa criança é muito grande para mamar.” “Não tem mais leite aí.” “Esse leite já virou água.” Para mães que escolhem seguir com a amamentação após os dois anos, comentários como esse são corriqueiros. Mas ao contrário do que muita gente pensa, estender a amamentação traz benefícios imunológicos, nutricionais, metabólicos e cognitivos para a criança, como explica a enfermeira obstetra, Christianne Garcia Xavier:
“O aleitamento materno complementar é fundamental no fornecimento de nutrientes e no fortalecimento imunológico. A composição do leite materno se adapta conforme necessidades do lactente, logo, continua trazendo múltiplos benefícios para a nutriz e a criança. Estudos apontam que a amamentação prolongada contribui para o desenvolvimento intelectual, proporcionando melhores resultados em testes de QI e de linguagem, além de se tornar o melhor complemento, com quantidade ideal de sais minerais, ferro e cálcio”, afirma.
Mesmo após os dois anos, o leite materno continua a oferecer nutrientes fundamentais, como vitaminas A, C, B12 e minerais. Ainda tem anticorpos, calorias e proteínas, e diminui os riscos de obesidade e diabetes para a criança. “A amamentação influencia diretamente o vínculo entre mãe e filho, quanto mais tempo ela for amamentada, mais segura emocionalmente ela será. O recomendado é manter por dois anos ou mais, até ocorrer naturalmente o desmame”, completa Christianne.
Os benefícios para a criança são muitos, mas a amamentação traz vantagens também para a mulher. O ato de amamentar ajuda na recuperação do organismo e na redução do peso após o nascimento do bebê, na redução do risco de depressão pós-parto e na prevenção do câncer de mama.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), durante o período de aleitamento, as taxas de determinados hormônios que favorecem o desenvolvimento do câncer caem na mulher. Além disso, alguns processos que ocorrem na amamentação promovem a eliminação e a renovação de células que poderiam ter lesões em seu material genético, diminuindo assim as chances da doença. Amamentar é, inclusive, uma das recomendações de prevenção. A cada ano de amamentação, o risco de câncer de mama diminui de 4,3% a 6%.
“Para a mãe, os benefícios da amamentação estão na diminuição do sangramento no pós-parto, acelera a perda de peso e reduz a incidência de câncer de mama, ovário e endométrio”, conclui a enfermeira obstétrica da Samp.
Problemas com o manejo da amamentação? Ao primeiro sinal de dificuldade, o ideal é buscar ajuda em Bancos de Leite Humano, que oferecem orientação e apoio à amamentação, além de coletar, processar, armazenar e distribuir leite humano a bebês prematuros e de baixo peso.