Os sistemas agrícolas regenerativos têm como objetivo melhorar a saúde do solo e promover a biodiversidade, com a otimização do ciclo da água, o sequestro e eliminação do carbono e, ao mesmo tempo, garantir a produção de alimentos nutritivos com a lucratividade necessária para qualquer atividade comercial. Esse modelo agrícola nasceu no século passado, precisamente na década de 80, tendo como base resgatar e aprimorar os princípios do início da agricultura orgânica da década de 1940.
Entre suas características estão a rotação de culturas ou cultivo sucessivo de mais de uma espécie na mesma área, adoção de plantas de cobertura, redução de arado no solo, produção de mais de um alimento na mesma área (Integração-Lavoura-Pecuária-
Dentro desse parâmetro, a agricultura precisa se aliar a diversos pontos. A cultura regenerativa pode e deve ser encampada pelos recursos tecnológicos existentes. E diversas tecnologias têm sido desenvolvidas para atender à necessidade de uma agricultura moderna cada vez mais sustentável, ou seja, regenerativa.
E nos últimos 30 anos, o campo procura assimilar e aplicar esse viés tecnológico verde. As soluções vêm sendo usadas no mundo todo para aumentar a produtividade e qualidade, reduzir custos e promover a melhora da gestão no setor agrícola. Essas novas soluções também cumprem um papel importante na promoção da sustentabilidade nas propriedades rurais e diminuição do impacto ambiental da atividade.
A tecnologia verde é formada por diversas ferramentas que permitem a exploração de áreas para a produção de alimentos de forma menos agressiva ao ambiente, promovendo a regeneração, reciclagem, redução de desperdícios e uso de fontes energéticas renováveis (e sustentáveis). E o Brasil está entre os baluartes desse movimento, pois já existem mais de 1.000 agtechs, que são startups voltadas ao agronegócio e que se movimentam em diversificadas áreas da agricultura para desenvolver e entregar soluções e inovações que permitam ao país ser referência em produtividade e sustentabilidade no mundo.
Os produtores brasileiros, em quantidade crescente, percebem a cada dia que a sustentabilidade e a tecnologia verde são suas aliadas, que permitem a produção com respeito ao meio ambiente, as populações e ao planeta, com resultados positivos e exponenciais de produtividade e qualidade na lavoura.
Mahta está entre as startups que tem como objetivo produzir e conservar o meio ambiente
A Mahta, empresa de foodtech, criada pelos sócios Max Petrucci e Edgard Calfat, utiliza como base de seus produtos ingredientes provenientes de comunidades tradicionais da Amazônia e de pequenos agricultores que operam no modelo SAFs (sistemas agroflorestais).
A Mahta utiliza ingredientes que são cultivados por pequenos produtores a partir da floresta em pé, como os da Associação dos Pequenos Agrossilvicultores e Cooperativa Agropecuária e Florestal do Projeto RECA, de Rondônia, e da Cooperativa dos Agricultores do Vale do Amanhecer (Coopavam), do norte de Mato Grosso, entre outros.
Max Petrucci destaca que o processo e os ingredientes amazônicos utilizados na formulação do produto transformam o superfood da Matha em um alimento diferenciado e único no mercado. “As pessoas terão a oportunidade de conhecer um alimento que além de beneficiar quem consome, beneficia também o produtor da ponta, que respeita os ciclos da natureza”. Ele destaca que o superalimento é feito com ingredientes como o cacau, cupuaçu, açaí, coco, castanha-do-pará, taperebá, bacuri, graviola e cumarú.
A Mahta também está entre as startups que vislumbram as possibilidades econômicas sustentáveis dentro do contexto da agricultura regenerativa e movimentam a região com ideias inovadoras e ligadas ao desenvolvimento e conservação da Amazônia. Empresas como BrCarbon, Floresta S/A, Inocas, Soul Brasil e Vivalá são exemplos de startups que estão ligadas entre si por serem fomentadoras da proteção da maior floresta tropical do planeta e por terem sido selecionadas pela aceleradora de impacto AMAZ. Os negócios citados têm um potencial de impacto, entre cinco e dez anos, de mais de um milhão de hectares de florestas preservados, mais de 700 mil toneladas de emissão de carbono evitadas anualmente, 3,7 mil hectares de florestas recuperadas, centenas de famílias beneficiadas e injeção de cerca de R$ 30 milhões em comunidades locais.
Edgar Calfat, cofundador e sócio da Mahta, afirma que “hoje a realidade da produção agrícola precisa ser modificada. Temos que olhar para a tecnologia verde como um alicerce indispensável para que as produções do agro nacional e internacional vislumbrem o futuro, com a preservação do solo e de todos os biomas do planeta. O agronegócio pode ser verde e digital, tendo como objetivo instaurar os processos regenerativos necessários para o globo”, finaliza.