A Organização Mundial de Saúde revela que o Brasil é o país com o maior número de casos de depressão na América Latina. Já os especialistas da Universidade de São Paulo (USP) apontam que nosso país está entre os que mais apresentam pessoas ansiosas (63%) e depressivas (59%).
A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) revela que metade das doenças mentais começa aos 14 anos, mas a maioria dos casos não é detectada e nem tratada. Entre os transtornos, a depressão se destaca como uma das principais causas de doenças e incapacidade de adolescentes.
O psiquiatra da Rede Meridional, José Luis Leal, aponta que há um crescente aumento do estresse e, quando exagerado e descontrolado, aumenta o risco de desenvolvimento de doenças mentais. Dentre essas doenças, os transtornos ansiosos e depressivos se destacam por ser os mais incidentes na população geral. “Vivemos uma pandemia de transtornos depressivos e ansiosos que foi agravada pela da COVID-19”, comenta o médico.
Segundo a OMS, em 2019, transtornos ansiosos e depressivos estiveram entre as 10 principais causas de incapacitação, respectivamente como a oitava e nona causa. No Brasil, estimativas recentes mostraram que os transtornos depressivos e ansiosos respondem, respectivamente, pela quinta e sexta causa de anos de vida perdidos por incapacidade.
Além do sofrimento com a depressão, o doente ainda enfrenta o preconceito. “Percebe-se, historicamente, a prevalência de uma visão estigmatizada das pessoas com transtornos mentais, levando a uma exclusão social desses indivíduos, fazendo-os viver à margem da sociedade dita ‘normal’, observa José Luis Leal.
“Ainda hoje, o tratamento é feito à base de medicamentos e, em casos graves, pela manutenção dessas pessoas em uma instituição psiquiátrica. Esses pacientes internados poderiam ser acompanhados ambulatorialmente por profissionais capacitados e serviços estruturados ao desenvolvimento da saúde mental, poupando assim gastos desnecessários com internações, auxiliando aos pacientes ao restabelecimento de funcionamento global satisfatório, visando sempre que possível ao retorno de suas atividades laborais, ao convívio social e autocuidado”, avalia o psiquiatra.
Janeiro Branco
Janeiro Branco é uma campanha criada por psicólogos de Uberlândia, Minas Gerais, no ano de 2014. O tema para a campanha deste ano é A VIDA PEDE EQUILÍBRIO! O mês de janeiro foi escolhido porque é o momento em que as pessoas estão focadas em resoluções e metas para o novo ano.
A ideia do Janeiro Branco é fomentar a reflexão de como gerar mais equilíbrio em nossa vida, desenvolver o autoconhecimento a fim de buscar equilíbrio emocional e comportamental, ter uma vida profissional equilibrada, uma alimentação saudável, fazer atividade física regular, ter vida social e controlar o estresse.
Fatores como condição político financeira, falta de acesso a tratamentos adequados, porque falta de políticas públicas que visem a desistigmatização da depressão, a detecção e o tratamento precoce, impedem que o brasileiro tenha uma boa saúde mental.
“Infelizmente o Brasil não vem seguindo uma tendência global de investir em políticas públicas para tratamento das doenças mentais, inclusive por isso somos uns dos poucos países que vem aumentando não só a incidência das doenças, mas também de suas consequências mais temidas que são a invalidez e o suicídio”, alerta o psiquiatra José Luiz Leal.