ArcelorMittal e Sejus ampliam capacitação em marcenaria para detentos no Espírito Santo
A Secretaria da Justiça (Sejus) deu início, em 6 de janeiro, à terceira turma do curso de capacitação em marcenaria na Penitenciária Estadual de Vila Velha 3 (PEVV3). Com 20 novos internos participando, o programa oferece aos detentos a oportunidade de aprender um ofício valioso, preparando-os para a reintegração à sociedade. A capacitação, com carga horária de 80 horas, ensina a produção de móveis e objetos artesanais em madeira, utilizando paletes doados pela ArcelorMittal, empresa que desde 2020 é parceira do projeto.
Desde o lançamento do curso em 2017, cerca de 300 detentos foram capacitados, desenvolvendo habilidades que resultam na produção de móveis, utensílios domésticos, peças de decoração e brinquedos. Todos esses produtos são doados a instituições sociais, escolas, hospitais e órgãos públicos, multiplicando os benefícios do projeto para diferentes segmentos da sociedade.
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A parceria com a ArcelorMittal foi iniciada em 2020, após a visita de uma equipe da empresa à PEVV3, no Complexo de Xuri. Na ocasião, foi identificado que a Marcenaria Jequitibá, o espaço de capacitação na unidade, enfrentava dificuldades para conseguir madeira de qualidade para os projetos. Com a doação de paletes pela ArcelorMittal, que já enviou cerca de mil toneladas de madeira, o projeto ganhou força e se expandiu, beneficiando ainda mais detentos em outras unidades prisionais, como a Penitenciária Agrícola de Viana e a Penitenciária Estadual de Vila Velha 5.
Bernardo Enne, Gerente Geral de Sustentabilidade e Relações Institucionais da ArcelorMittal, destaca que a iniciativa é um exemplo de parceria público-privada que contribui com a sustentabilidade, a economia circular e a transformação social. “A reciclagem dos paletes evita a destinação dos resíduos para aterros e, ao mesmo tempo, proporciona uma nova oportunidade de vida para os internos, ensinando um ofício que pode ser fundamental após o cumprimento da pena”, afirmou.
Rafael Pacheco, secretário de Estado da Justiça, também enfatizou o impacto positivo dessa colaboração. “A doação dos paletes de madeira de qualidade garante que o projeto continue crescendo e abra novas oportunidades para os detentos, ajudando na sua ressocialização”, disse.
A capacitação em marcenaria não só ensina habilidades técnicas, mas também tem um impacto terapêutico, proporcionando aos internos uma forma de expressão e de desenvolvimento pessoal. A gerente de Educação e Trabalho da Sejus, Regiane Kieper, ressalta que a marcenaria é uma profissão valorizada no mercado e oferece perspectivas de empreendedorismo e autonomia, fundamentais para a reintegração dos detentos.
Um exemplo de sucesso do projeto é Farly Pogian Rosa, um dos primeiros internos a se formar na Marcenaria Jequitibá, que hoje, após cumprir sua pena, é instrutor do curso e tem sua própria marcenaria de móveis planejados. “Esse projeto mudou minha vida. Eu não só aprendi uma nova profissão, mas encontrei um propósito e a oportunidade de transformar minha realidade”, afirmou.
Além do impacto direto na vida dos internos, os produtos confeccionados na oficina são distribuídos para diversas instituições. A presidente da Associação dos Amigos dos Autistas do Espírito Santo (Amaes), Pollyana Paraguassú, compartilhou que os móveis doados ajudaram a abrir novas unidades da associação, oferecendo um ambiente de qualidade para as crianças atendidas.
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As peças produzidas também têm sido expostas em eventos como a ArteSanto, feira de artesanato do Espírito Santo, e no Edifício Fábio Ruschi, sede da Sejus, ampliando a visibilidade do trabalho realizado pelos detentos e mostrando o impacto transformador da capacitação.
Com a ampliação do projeto e o contínuo apoio da ArcelorMittal, a capacitação em marcenaria se consolida como uma das ações de ressocialização mais bem-sucedidas do sistema prisional capixaba, promovendo a inclusão social, a sustentabilidade e a dignidade para os detentos do Espírito Santo.