Saúde

No Dia da Mentira, saiba como identificar quem sofre de mitomania e como tratar

No dia 1º de abril, é celebrado o Dia da Mentira, uma data marcada por brincadeiras, pegadinhas e até mesmo sustos entre amigos e familiares. No entanto, a mentira pode ser um tema sério quando ela se repete sempre. Mentiras compulsivas podem se tratar de um caso de mitomania, uma condição psicológica na qual a pessoa sente uma necessidade compulsiva de mentir, mesmo sem uma razão clara para isso.

Essa é uma condição complexa que pode afetar profundamente a vida daqueles que a têm e das pessoas ao seu redor. “Enquanto a maioria das pessoas pode mentir de vez em quando, quem sofre de mitomania faz isso de forma crônica e muitas vezes sem ganho pessoal evidente, o que pode afetar significativamente suas relações sociais e profissionais”, explica a psicanalista Debora Guerra.

Segundo a psicanalista os principais sintomas da mitomania incluem:

– Mentiras frequentes: A pessoa mente com frequência, mesmo sobre assuntos triviais e sem motivo aparente.
-Inconsistência nas histórias: As histórias frequentemente não se encaixam ou mudam ao longo do tempo.
– Ausência de remorso: A pessoa não demonstra arrependimento ou culpa por suas mentiras, mesmo quando confrontado com evidências.
– Manipulação emocional: A pessoa utiliza das mentiras como forma de manipulação emocional para obter vantagens pessoais.
– Problemas nas relações interpessoais: Dificuldades em manter relacionamentos estáveis devido à falta de confiança gerada pelas mentiras constantes.

“Além disso, pessoas com mitomania podem apresentar baixa autoestima, sentir necessidade de aprovação ou admiração. É um padrão complexo de comportamento que vai além do simples ato de mentir ocasionalmente”, relata Debora.

Vale lembrar que mentiras quando são contadas uma vez ou outra são normais e não existe quem não as conte, seja um elogio, uma surpresa… o perigo se estabelece quando elas ganham proporção e são absorvidas como parte da personalidade, o que vai prejudicar a pessoa em várias esferas. “As mentiras constantes podem levar ao isolamento, à perda de amizades importantes e ao afastamento familiar”, conta Debora. A psicanalista ainda complementa que viver nesse ciclo constante de falsidade pode também causar ansiedade e culpa no próprio indivíduo, afetando sua saúde mental e bem-estar geral.

Diagnóstico e tratamento

Não existe uma causa sobre o porque a mitomania acontece, pois enquanto a maior parte das pessoas mente por alguma razão, o mitômano mente apenas por mentir. Isso pode acontecer por anos e as pessoas podem até atribuir isso a um traço de personalidade e se lembrarem da pessoa por isso.

Segundo a psicanalista, na psicanálise, essa condição psicológica é diagnosticada por meio de uma avaliação clínica profunda, focada na compreensão das dinâmicas inconscientes e dos conflitos internos que levam o paciente a mentir compulsivamente. E não existem testes específicos, o diagnóstico vem da relação terapêutica e da análise do discurso do paciente ao longo do tempo.

“O psicanalista explora as histórias, sonhos e associações livres do paciente, procurando padrões e significados ocultos que possam revelar as razões subjacentes à compulsão por mentir. Este processo visa não apenas identificar o comportamento, mas também entender suas raízes emocionais e psicológicas profundas, para que possam ser trabalhadas em sessão analítica”, esclarece Debora.

Apoiar e estar ao lado de quem sofre de mitomania pode ser um árduo e que envolve paciência, compreensão e uma abordagem não julgadora. Nesse processo, ter uma comunicação aberta e honesta é fundamental, assim como estabelecer limites saudáveis que promovam a confiança. A psicanalista ainda informa que nesse processo é crucial evitar confrontos agressivos sobre as mentiras, e, ao invés disso, quando for apropriado, é interessante destacar as divergências nas informações de forma calma e construtiva. “Oferecer amor e apoio, lembrando que a recuperação pode ser um caminho longo e desafiador, ajuda a fortalecer o vínculo e incentiva a mudança”, finaliza.

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